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Alimentação

Produtos orgânicos: Prós e contras

(Podes ouvir no SoundCloud, Spotify e Apple podcast.)

Olá a todos,

Hoje vou falar apenas de alimentos inteiros (frutas, legumes e vegetais) e as diferenças entre alimentos orgânicos, biológicos e naturais e, os benefícios e malefícios dos alimentos biológicos.

Segunda o site da Comissão Europeia:

A agricultura biológica é um método agrícola que visa produzir alimentos recorrendo a substâncias e processos naturais. A agricultura biológica tende a ter um impacto ambiental limitado, na medida em que incentiva: 1. a utilização responsável da energia e dos recursos naturais; 2. a conservação da biodiversidade; 3. a preservação dos equilíbrios ecológicos regionais; 4. a melhoria da fertilidade do solo; 5. a conservação da qualidade da água.

Comissão Europeia

Aqui podem ler sobre as regras da agricultura biológica para vários setores (pecuária, vinho, aquacultura, etc.). 

A nível prático a designação de biológico e orgânico são muitos semelhantes. Mas produção orgânica pode ser estendida a outros produtos como roupa, higiene, etc.

Em Portugal não há legislação para alimentos orgânicos, por isso é mais difícil haver uma regulação e uma certeza de que o processo de produção segue aquilo a que se propõe (quando comparando com as normas existentes noutros países).

Por fim os produtos naturais são aqueles que como o nome indica são naturais, que vêm da natureza. No entanto, estes não nos diz nada relativamente ao uso de pesticidas ou aditivos químicos.

Destas três definições a única que é regulada por Portugal são os produtos biológicos (que na prática é igual a orgânicos mas em Portugal chamamos biológicos). Para ser certificado como tal, o alimento terá que ter o logótipo de Biológico da União Europeia (fundo verde com folha branca com as estrelas). Para os produtos naturais, basta lerem a lista de ingredientes e pensar se a natureza consegue-vos dar toda essa lista.

Benefícios dos produtos orgânicos

Menos pesticidas

Todos os anos é emitido pela “European Food Safety Authority (EFSA)“, um relatório com análise dos produtos com maior quantidade de pesticidas, fazendo a distinção por agricultura convencional e orgânico/ biológica. Podem ver o relatório de 2019 (que foi publicado em fevereiro de 2021) aqui

Em baixo podem ver um gráfico, retirado deste último relatório, onde é comparado a quantidade de pesticidas contra o Máximo Nível de Resíduos (MRL) na agricultura convencional e orgânica/ biológica para diferentes grupos alimentares.

Compared to conventionally produced food (non-organic), the MRL (Maximum Residue Levels) exceedance and quantification rate trends are generally lower in organic food. In 2019, the MRL exceedance rate was 1.3% in organic food, while 4.1% for conventional food; the same pattern was observed for the quantification rates, which were 11.9%60in organic food and 41.7% in conventional food.

The 2019 European Union report on pesticide residues in food, 2021

Foram detetados em cerca de 4.1% de alimentos provenientes de agricultura convencional, valores de resíduos acima do recomendado, enquanto apenas 1.3% na agricultura biológica.

Efeitos de pesticidas

Vários estudos indicam que o consumo acrescido de pesticidas está associado com várias doenças.

The health effects of increased consumption of pesticides include increased prevalence of Non-Hodgkin’s lymphoma, certain birth defects, multiple myeloma, low birth weight, etc. Certain studies reported anti-atherosclerotic properties for organic food. Torjusen et al. showed that consumption of organic food reduced the risk of preeclampsia in pregnant women. Oken et al. showed that dietary intake of n-3 fatty acids reduced the risk of pre-eclampsia and Średnicka-Tober et al. in their study, reported increased levels of n-3 fatty acids in organic food, which might indirectly relate to the reduced risk of pre-eclampsia aіer consumption of organic food. Brantsæter et al. reported that organic food consumption reduced the prevalence of hypospadias . Rock B, et al, 2017

Na União Europeia a quantidade de pesticidas é regulada. A Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) e Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelecerem os limites máximos que teoricamente não têm efeitos carcinogénicos. O relatório referido em cima revela os resultados das amostras analisadas no ano 2019.

The frequent consumption of food commodities with episodic presence of pesticide residues that are suspected to cause developmental and neurological effects in young children supports the need for further investigation.  Lu, et al, 2010

Os efeitos de pesticidas estão altamente relacionados com o tipo e com a quantidade a que estamos expostos, e isso vai depender do produto e da quantidade que consumimos.

Quais os mais críticos

A EWG (Environmental Working Group), sendo uma associação americana especializada em pesquisa e defesa nas áreas de subsídios agrícolas, produtos químicos tóxicos, poluentes da água potável e responsabilidade cooperativa, todos os anos lança um relatório onde refere uma lista de alimentos considerados “sujos” e outra de alimentos considerados “limpos”. Esta indica-nos os alimentos com mais e menos pesticidas, servindo de guia para quando precisamos ir ao supermercado.  Podem ver aqui a lista de alimentos “sujos” e a de alimentos “limpos“. Esta lista foi feita baseada em análises feitos com produtos comercializados nos EUA.

Segundo o relatório da EFSA, European Food Safety Authority, os alimentos que apresentaram maior nível de pesticidas foram:

  • Frutas: maracujá, pitaia (fruta do dragão), romã, opúncia, damascos e tâmaras
  • Legumes: vagens, agrião e folhas de aipo
  • Ervas aromáticas: coentros  e manjericão
  • Outros: flores comestíveis, chás, arroz, cogumelos selvagens, malagueta e mandioca

Among the unprocessed products (Figure 10) with at least 50 samples analysed, the highest MRL exceedance rates (greater than 15%) were identified for grape leaves, yard-long beans, coriander leaves, chilli peppers, watercresses, passion fruits/maracujas, pitahaya (dragon fruit), celery leaves, pomegranates, basil and edible flowers, teas, cassava roots/manioc and prickly pears/cactus fruits. Processed products of wild fungi, rice, dates and apricots exceeded the MRL with a frequency greater than 10% of samples (with at least 30 samples analysed).

Melhores nutricionalmente

Maior quantidades de nutrientes como Vitamina C

If a person changes from consuming exclusively conventional fruits and vegetables, to choosing the organic versions of the same products in the same amounts, the intake of all secondary metabolites will increase by approx. 12% (Table 3). From a health perspective, for the reasons provided in section IIIC, it is a reasonable assumption to expect that this would correspond to an increase in the consumption of these foods by 12%. (…) Under the same assumptions, the 12% increase caused by switching to organic fruits and vegetables would correspond to an increase in life expectancy of, on average, 17 days for women and 25 days for men. Brandt, et al, 2011

Este estudo analisou que, em média, se trocássemos para alimentos 100% biológicos era como se aumentássemos o consumo em 12% a nível nutricional (devido ao maior valor nutricional nos alimentos biológicos)

Este estudo também concluiu que a quantidade de vitamina C era superior quando o sumo era feito usando laranjas biológicas. 

Menor quantidades de antibióticos

“Of greater concern is the prevalent use of antibiotics in conventional animal production as a key driver of antibiotic resistance in society; antibiotic use is less intensive in organic production.” Mie, et al, 2017

Maior quantidade de antioxidantes

Organic strawberries had significantly higher total antioxidant activity (8.5% more), ascorbic acid (9.7% more), and total phenolics (10.5% more) than conventional berries (Table 2), but significantly less phosphorus (13.6% less) and potassium (9.1% less) (Table 1). Reganold, et al, 2010

Menor emissão de gases com efeitos de estufa

Based on average values, we might conclude that to reduce greenhouse gas emissions, we should buy organic pulses and fruits, and conventional cereals, vegetables, and animal products.  Ritchie, 2017

Malefícios dos produtos biológicos

Maior impacto ambiental em algumas áreas

Aqui podem ver um artigo muito interessando onde fala dos impactos da agricultura biológica, convencional e o impacto no ambiente. As áreas onde a agricultura convencional é preferível à biológica são:

  • área usada

Onde segundo este estudo o mais critico é a produção de carne, derivados e vegetais.

  • potencial de acidificação (diminuição de pH da água, podendo ter impacto negativos no ecossistema aquático)

O mais critico é para os cereais e vegetais

  • potencial eutrofização (poluição de elementos aquáticos devido ao excesso de nutrientes podendo levar ao excesso de crescimento de algumas algas, esgotando o oxigénio).

O mais critico é para os cereais e produtos lácteos

Resumindo

Existem vários estudos que indicam benefícios de consumir alimentos biológicos, seja pelo aumento nutricional que estes têm, seja pela menor exposição a pesticidas. Existem, no entanto, estudos que indicam que estas diferenças nutricionais são muito limitadas e que, ao nível de pesticidas, como na Europa as quantidades são reguladas, que o risco é muito baixo.

Para além do impacto em nós, é importante rever o impacto causado ao ambiente. A área necessária para agricultura, a possibilidade de acidificação e eutrofização podem ser alguns pontos menos positivos da agricultura biológica.

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