SuperUS #04 5 mantras para o medo da mudança
Bom dia alegria,
Já ouvimos ou lemos várias vezes que devemos ter força de vontade para mudar e lutar por aquilo que queremos. Será que é só força de vontade ou falta dela? Será que há algo, intrínseco em nós que nos faz ter medo da mudança e da incerteza?
Há milhões de anos, quando estávamos sujeitos a ser atacados por predadores era importante temermos o desconhecido para nos podermos proteger.
Este estudo, concluiu que o nosso cérebro prefere resultados negativos a resultados incertos. Este, concluiu também que a zona do cérebro que controla estas respostas, o striatum, tenta também calcular a probabilidade dos resultados positivos e negativos, e resposta sob o efeito de stress é mais alta quando este considera que a probabilidade é 50% (e não quando é de 100% resultado negativo).
É nesta altura que desenvolvemos aquilo que se chama de “Fight or Flight” ou “Lutar ou Fugir” para que, quando deparados com situações de perigo se desencadeassem uma série de reações no nosso corpo para podermos ou lutar ou fugir do perigo. Quando temos grandes quantidades de dopamina, o striatum faz com que o nosso coração comece a bater mais rápido, levando mais sangue para os músculos, coração e outros órgãos, começamos a respirar mais rápido, algumas vias nos pulmões abrem para que a entrada de oxigénio seja maior, a maioria do oxigénio é enviada para o cérebro para podermos estar mais alerta e os nossos sentidos (audição, cheiro, paladar) tornam-se mais apurados.
Ainda no mesmo estudo, uma terceira conclusão foi que as pessoas que estavam mais cientes da possibilidade de incerteza foram aquelas que conseguiram lidar melhor com a situação. Isto é, as pessoas que em vez de ignorar ser incerto mas aceitarem que o é e trabalharem conforme isso, foram as que tiveram melhores resultados.
Este não é um post para que deixes de tentar lutar por aquilo que queres, antes pelo contrário. Este é um post para perceberes ser normal, teres receio de mudar e, que não estás sozinho(a).
O nosso cérebro prefere certeza. A incerteza gera uma grande resposta de alerta pelo nosso cérebro. É por isso que nós especulamos, nós preferimos criar um cenário fictício do que não saber o que fazer.
Temos também, por norma, dificuldades em aceitar que a vida é feita de etapas e aprender a aceitar o fim de cada uma delas, e o começo da seguinte. Por exemplo, julgar que não gostamos de andar na escola ou faculdade e, após acabar a escola começamos a pensar nos amigos que não vamos ver diariamente, no sentido de liberdade que sentes, etc.
Tendemos a ter medo de falhar. Podes rever o post sobre Como aumentar o Self-Love e Self-Compassion e Como estar mais presente e controlar o teu duende mau.
A tua voz negativa: 5 passos para controlar
Todos nós temos uma voz negativa, um duende mau que nos limita, tira a motivação e que nos faz sentir pequenos. Neste post falo de como podes começar a conhecer e a lidar com ele.
Self love: 8 Passos para aumentar
Será mesmo verdade que precisamos de nos amar a nós próprios antes de amar os outros? Praticar self love e self compassion pode trazer vários benefícios sociais, pessoais e profissionais.
A vida é feita de incertezas, por mais coisas que tentamos, e consigamos controlar, vai haver sempre situações que estão fora o nosso alcance. A mudança, apesar de muitas vezes acarretar incerteza, pode trazer crescimento pessoal ou profissional que nos vão fazer ser melhores.
Se vamos sempre ter incerteza na vida, independentemente das nossas escolhas, como é que podemos lidar com estas situações?
Desconstruindo o medo da mudança
1. Uma pedra no caminho, não significa que é uma parede
Quando tentas algo novo, completamente fora da tua zona de controlo, é normal falhares. No momento em que um bebé nasce, este não sabe caminhar e, não começa a fazê-lo num ápice. Primeiramente começa por gatinhar, depois caminha com ajuda, de seguida dá-mos os primeiros passos sozinho cai, e tenta novamente.
No verão passado, fui de férias com a minha afilhada, que tinha na altura pouco mais de 14 meses, e estava na altura que começava a tentar pôr-se em pé, sozinha. Caminhava com os braços no ar para ganhar equilíbrio, foi a maneira que ela arranjar de tentar melhorar a caminhar sem cair, sempre que começava a caminhar mais rápido e eu dizia “Equilibra-te” mas ela continua a e acabava por cair passado um pouco. Passado 10 min estava novamente a pôr-se de pé e a tentar caminhar, e o mesmo cenário repetia-se, começava a acelerar e eu repetia” Equilibra-te” e ela abrandava e punha os braços no ar para se equilibrar. Isto repetiu-se durante quase toda a semana que estive com ela. Já imaginaram o que seria o mundo se todos os bebés deixassem de se tentar levantar para caminhar após a primeira queda?
“Those with the growth mindset found setbacks motivating. They’re informative. They’re a wake-up call.” Carol S. Dweck, Mindset: The New Psychology of Success
Mas prepara-te para estas pedras
Preparar-te para as pedras servirá para as tentares antecipar, pensar nos vários cenários e as probabilidades de cada um e também o que poderias fazer em cada situação. Permite a ti mesmo teres uma mente aberta para experimentes coisas novas e dando-te espaço para falhares, aprenderes, praticares, falhares, aprenderes, praticares,… repetindo isto
No meu caso, quando preciso de escrever mas estou sem inspiração para o fazer, não vou continuar em frente ao computador à espera que a inspiração apareça. Em vez disto vou caminhar ou simplesmente levanto-me e estico as pernas, os braços e descanso 5 minutos e depois volto a tentar. Eu agora sei que escrevo melhor de manhã, porque inicialmente tentar escrever de manhã e de tarde por vários dias e fui melhor sucedida de manhã. É imprescindível, experimentar e mudar gradualmente a rotina caso sintas que te encontras uma pedra no caminho.
“Parents think they can hand children permanent confidence – like a gift – by praising their brains and talent. It doesn’t work, and in fact has the opposite effect. It makes children doubt themselves as soon as anything is hard or anything goes wrong. If parents want to give their children a gift, the best thing they can do is to teach their children to love challenges, be intrigued by mistakes, enjoy effort, seek new strategies, and keep on learning. That way, their children don’t have to be slaves of praise. They will have a lifelong way to build and repair their own confidence.” Carol S. Dweck, Mindset: The New Psychology of Success
“If you don’t give anything, don’t expect anything. Success is not coming to you, you must come to it.” Carol S. Dweck, Mindset: The New Psychology of Success
E aprende com elas
Voltando ao exemplo da minha afilhada, ela não começou subitamente a pôr os braços no ar e abrandar quando se apercebia estar prestes a cair, mas sim, foi aprendendo com cada queda. Para podermos evoluir e, não estar constantemente a cometer os mesmos erros, é necessário parar, refletir sobre o que aprendemos e aplicar estas aprendizagens nas próximas vezes.
2. Não olhes para o cume da montanha, olha para a próxima subida
O princípio da Regra 80/20 ou Princípio do Pareto diz-nos que 80% dos resultados são causados por 20% das causas. Este conceito é muito usado no contexto de negócios e economia. Podemos, no entanto, aplicar este conceito para mais áreas, como a vida pessoal. Se definirmos um objetivo que depende de vários fatores, e que estamos a uma grande distância dele, é importante definir pequenas metas ou passos que vão contribuir para chegar lá e focar-mo-nos na primeira ou naquela que tem maior impacto. Assim que divides o grande e distante objetivo em pequenas metas, esta vai parecer mais pequena, mais perto e mais alcançável.
Voltando ao exemplo dos bebés, quando se ensina uma criança a falar, não esperamos que ela comece repentinamente a dizer uma dissertação, vamos repetindo pequenas palavras, depois evoluindo para uma expressão, depois frase, etc. Recomendo com isto que sigam o mesmo método convosco, “baby steps”.
3. A vida não é fruto de circunstâncias à tua volta, mas sim fruto das tuas escolhas adaptadas às circunstâncias
Não te foques naquilo que não podes controlar, todos nós temos circunstâncias de vida diferentes, os nossos genes, cidade onde nascemos, ambiente em que crescemos, a educação que nos foi dada, as pessoas que nos cruzamos na vida, são tudo coisas que não podes controlar mas que, podemos retirar aquilo que mais e menos gostamos e, fazendo as escolhas consoante as circunstâncias e não viver submisso delas.
“Life is 10% what happens to you and 90% how you react to it.” — Charles R. Swindoll
4. Não temas o sucesso
Já alguma vez acharam ou aperceberam-se de alguém acreditar que se determinada pessoa é bem sucedida é porque teve que “passar por cima de alguém” ou associou-se a alguém que não deveria ou que simplesmente fez algo de mal? Ou simplesmente assumir que a pessoa foi bem sucedida porque teve sorte? Desprezando totalmente todo o esforço e dedicação que a pessoa possa ter feita para ser bem sucedida.
Eu já, e nem sempre é fácil pensar que caso fossemos nós os bens sucedidos que haveria alguém a pensar mal de nós. O ser humano quer por um lado ser feliz mas por outro quer também sentir-se aceite. Por exemplo, o humanista e psicólogo Abraham Maslow teorizou que existem áreas de necessidade do ser humano e colocou o sentido de amor e ser aceite é uma necessidade que vem primeiro que a auto realização.
Este estudo concluiu que o medo da felicidade está associado com a cultura e religião. Existem algumas culturas e religiões que poderão estar associados a recriminação com sucesso, porque assumindo um equilíbrio, se alguém está muito bem-sucedido, há outro alguém no extremo oposto.
Mas o sucesso e a felicidade não deverá ser vista como uma meta mas como um processo. Devemos associar o sucesso a cada passo até ao cume da montanha e não simplesmente ao topo.
5. Pensa racionalmente nos teus medos
Tenta aplicar os passos que falo neste post sobre como controlar o teu duende mau (a voz interior que te diz que não consegues).
“Happiness is when what you think, what you say, and what you do are in harmony.” ― Mahatma Gandhi
Nesta publicação falei do porquê de todos nós intrinsecamente temos receio da mudança, uns mais outros menos mas está inerente ao ser humano tentar manter o equilíbrio no corpo (homeostasis) e no que nos rodeia (uma capacidade que nos permitiu não sermos comidos por predadores).
Falo também do porquê do nosso cérebro prefere inventar um cenário hipotético do que não ter cenário nenhum. A tendência para termos dificuldades a aceitar o término de certos capítulos da vida e temermos a falha faz também com que tenhamos receio da mudança.
Por fim apresento um guia do que podem fazer tentarem contornar este medo.
Acabaste de ler mais uma publicação de SuperUS. Se achaste interessante coloca gosto ou partilha com os teus amigos ou familiares nas tuas redes sociais.
Vamo-nos tornar SUPER juntos!