Alimentação,  Geral - Estilo de Vida

Mito 2: Está na minha genética ter essa doença

Existem várias áreas na vida que influenciam a tua saúde. Desde o que tu comes, o movimento que fazes, as relações que tens, o pensamento com que encaras a vida, etc. Um conceito errado que ainda muitos têm é o papel da genética em cercas doenças. Esta associação quase taxativa que determinada descendência provoca determinada doença é principalmente errónea quando se trata de doenças crónicas. Imensas vezes ouço pessoas dizer que têm ou que é provável que vão ter certas doenças crónica porque corre nas veias da família.

Doenças crónicas e o papel na saúde do mundo

Doenças crónicas (também chamadas doenças não comunicáveis) duram mais que um ano e, requerem por norma atenção médica contínua e podem limitar de alguma forma certas atividades na vida da pessoa. As principais doenças segundo a OMS são:

  • cardiovasculares (Acidente Vascular Cerebral – AVC, hipertensão arterial, etc.)
  • respiratórias crónicas (asma, doença pulmonar obstrutiva crónica)
  • diabetes tipo 2
  • alguns tipos de cancro
  • obesidade

No post anterior mostro também alguns números relativamente ao impacto das doenças crónicas no mundo.

Segundo a OMS 71% da população mundial (41 milhões) morre anualmente por algumas doenças crónicas, das quais 15 milhões são entre 30 e 69 anos.

As doenças crónicas são responsáveis por 80% da mortalidade nos países europeus, sendo as afeções do aparelho circulatório as principais causas de mortalidade. Retrato da Saúde 2018

Este estudo concluiu que pessoas com os 4 fatores de risco (1. IMC >25; 2. Fumar; 3. Inatividade/ sedentarismo; 4. Consumo de álcool), comparando com pessoas com o nenhum destes riscos viveria em média mais 10 anos de vida saudáveis (sem nenhuma doença crónica).

Fatores de risco

Genética

No momento em que um bebé nasce este tem 25 000 genes dos pais e entre 2 a 20 milhões de genes de microorganismos como bactérias. Isto significa que nós somos 1% “iguais” aos nossos pais e o restante somos microorganismos.

Este primeiro fator de risco, foi o que me levou a escrever esta publicação, deve ser abordado em dois “tipos” de genes que temos em nós.

Nós somos:

  • 1% de genes recebidos pelos nossos pais: estes genes não podem ser alterados, é algo que recebemos à nascença. Mas, um ponto muito importante é que destes 25 000 genes, nem todos estão ativos, alguns deles estão silenciados. Há estudos que indicam que pode ser 33% ativos, outros indicam 50% ativos e o resto inativos. É, no entanto, consensual que é possível influenciar a ativação ou o silenciar dos genes através dos nossos hábitos e o ambiente que nos rodeia. O estudo desta área chama-se epigenética.

Epigenetics has been defined as ‘the study of mitotically (and potentially meiotically) heritable alterations in gene expression that are not caused by changes in DNA sequence’ (Waterland, 2006).

  • 99% dos genes de microorganismos (microbioma) que entram no teu corpo através do ambiente onde passas e aquilo que comes. E posteriormente aquilo que comes também vai influenciar o tipo de microorganismos que alimentas.
Genética e influência nas doenças crónicas

Este estudo analisou a influência da genética (G), exposição a fatores durante a vida (E) e a interação entre os dois GxE no aparecimento de doenças crónicas em gémeos verdadeiros. Os autores concluíram que a genética não é o principal fator a influenciar a manifestação das doenças. Assumindo que este grupo analisado no estudo é representativo da população europeia, apenas cerca de 16.4% das mortes por doenças de coração podem ser atribuíveis a genética.

Por exemplo, para cancro, a exposição a ambientes maléficos e/ou estilo de vida representa 90% do risco e apenas 16,4% das mortes por doenças cardíacas podem ser atribuíveis à genética.

Results indicated that E-related factors typically explained more than 90% of cancer risk, consistent with the small genetic PAFs observed for cancers in MZ twins (median = 8.26%). Assuming that the populations of MZ (monozygotic) twins that were used to derive PAFs (population attributable fractions) are reasonable surrogates for Western Europeans in the year 2000, then 0.25 million of the 1.53 million cancer and heart-disease deaths (16.4%) can be attributed to G-related factors. Rappaport, 2016

A Associação Americana do Cancro refere que, por exemplo, para o cancro da mama apenas 5-10% dos casos são associados diretamente À genética.

About 5% to 10% of breast cancer cases are thought to be hereditary, meaning that they result directly from gene changes (mutations) passed on from a parent. American Cancer Society

Alguns fatores de risco não modificáveis para Alzheimer são idade e genética. Os estudos em baixo concluíram que a genética desempenha um papel mais importante (cerca de 50%) quando é o tipo de Alzheimer que aparece antes dos 65 anos (primeiro estudo mencionado em baixo). No entanto, este tipo de doentes representam apenas 1% do total com Alzheimer (segunda estudo mencionado em baixo).

∼50% of early-onset sporadic Alzheimer’s disease cases or families with a mix of early/late-onset cases are genetically unexplained. Zhang et al., 2019

However, less than 1 percent of patients have autosomal dominant inherited Alzheimer’s disease (DIAD) which has a much earlier age of onset, around 45 years old. Liu, et al., 20018

Existem vários estudos que atribuem percentagem de importância à genética distintas. No entanto, é consensual que os genes de cada um são apenas um fator com influência nas doenças crónicas e, é também consensual que não é o mais importante.

Ambiental

O ambiente ao qual estamos expostos é também um fator de risco.

A wide range of environmental causes of cancer, encompassing environmental contaminants or pollutants, occupationally-related exposures and radiation, together make a significant contribution to cancer burden (65) and are often modifi able at low cost. Global status report on noncommunicable diseases 2010, WHO

Comportamentais e metabólicos

Alguns fatores modificáveis comportamentais falei no post Mito 1: É necessário gastar muito dinheiro para ter uma alimentação saudável, sendo alguns deles o consumo de tabaco, álcool, má alimentação, sedentarismo, etc.

Aqui podem ler mais sobre os fatores de risco que a OMS menciona como modificáveis (tabaco, dieta, consumo de álcool e sedentarismo) e metabólicos (hipertensão, obesidade, hiperglicemia – excesso de glucose no sangue e hiperglicemia – excesso de gordura no sangue). Estes segundos, que também estão indiretamente ligados aos fatores modificáveis.

Resumindo

Existem vários fatores de risco para o aparecimento das doenças crónicas, podendo ser divididos em genéticos, ambientais e comportamentais.

É certo que os fatores comportamentais são totalmente dependentes de nós, os ambientais também eles são maioritariamente controláveis por nós, apesar podermos estar sujeitos a algum tipo de ambiente no trabalho, podemos e devemos trabalhar para ter um ambiente saudável no nosso local de trabalho.

O primeiro fator que menciono nesta publicação, que pode parecer que está completamente fora do nosso controlo, a nossa genética, na verdade, podem também ele ser influenciado pelos nossos hábitos. Nós conseguimos “desligar” e “ligar” os genes que recebemos dos nossos pais, que representam cerca de 1% do total, consoante os nossos hábitos alimentares, de movimento e do ambiente que nos rodeia. Os restantes 99% dos nossos genes, os nossos “amigos” ou “inimigos” microorganismos, são também eles em parte escolhidos por nós. Isto porque podemos, alimentos os nossos amigos e deixar morrer os nossos inimigos ou vice-versa.

Independentemente do quanto podemos influenciar a expressão dos nossos genes, do quão rápido ou lento podemos melhorar o nosso microbioma, ou de quanto é efetivamente a percentagem dos nossos genes que taxativamente causam doenças, é algo que devemos dar atenção porque é aquilo que é controlável dentro daquilo que é parcialmente incontrolável.

Não podemos controlar os nossos genes, mas podemos influenciar se eles estão ou não ligados. Temos a opção de escolher alimentos que alimentos microorganismos bons ou maus.

Temos a oportunidade, pelo menos parcialmente, escolher o ambiente que nos rodeia. Devemos escolher os comportamentos que mais nos afastam de fatores de risco para as doenças crónicas.

Mesmo que o controlável seja pequeno, que não é segundo os vários estudos em cima, é aquilo que está nas nossas mãos, é, portanto, nisso que nos devemos focar. Concentrar-mo-nos nos nossos “maus” genes é como lamentar sobre o tempo chuvoso, não é por o fazeres que de repente vai ficar um dia solarengo.

Devemos focar-nos no controlável, dentro do incontrolável.

MITO: vou ter essa doença porque está na minha genética

VERDADE: os meus genes podem aumentar o risco de eu ter determinada doença, mas não me vão travar de lutar para que este cenário não aconteça.

O canto do Coaching

Agora a tua vez: pensa na última coisa que fizeste de bem para contrariar alguns genes ou tendência de doença que tens na tua família?

Qual a última coisa que fizeste pela tua saúde?

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